Voluntariado: Reflexão para o mês de Outubro
“O voluntariado missionário procura os povos mais carenciados”
O mês de Outubro é sempre o mês missionário. A Igreja é por sua própria natureza missionária, sempre e em toda a parte. Neste mês, celebra-se o Dia Mundial das Missões que coincide sempre com o penúltimo domingo. Nesta data, em todas as igrejas e comunidades cristãs reza-se e praticam-se gestos de solidariedade para com as igrejas mais pobres afim de que possam desenvolver as suas tarefas pastorais e sociais: é o dia da partilha e da confraternização.
O voluntariado missionário está animado pelo mandato que Jesus deixou à sua Igreja antes de voltar para o Pai: “Ide pelo mundo inteiro, proclamai o Evangelho a toda a criatura” (Mc 16,15). É um mandato que atinge todos os discípulos do Senhor que a partir desse momento se tornam discípulos missionários. Duas são as características dos voluntários missionários:
O espírito que anima a sua vida: mais do que o que faz, é importante saber como o faz, que espírito anima a sua acção. Claramente é a fé e o amor com o qual realiza o seu serviço.
A evangélica opção preferencial pelos pobres: é claro que a missão “ad gentes” deve nortear o seu serviço de promoção e animação de um mundo carenciado em todas as suas dimensões.
A Missão e o hoje de Deus
As rápidas transformações sociais, económicas e políticas criam situações novas que estão no centro da missão “ad gentes”. “Fui enviado para evangelizar os pobres”, proclamou Jesus na sinagoga de Nazaré. A nossa sociedade globalizada, neoliberal e capitalista deixa na beira do caminho tantos grupos de pessoas que esperam uma “boa e nova notícia”. Entram perfeitamente dentro das prioridades missionárias da Igreja e por isso aqui enumeramos alguns desses grupos:
- as minorias étnicas sem os próprios direitos reconhecidos; o mundo indígena e dos afro-descendentes; pensemos, por exemplo, na nossa Amazónia, lugar de fronteira, de periferia e de deserto, com a luta pela demarcação de terras; como Missionários da Consolata, estamos entre os Yanomamis, no Catrimani, na Amazónia, há mais de quarenta anos e ainda não temos um cristão. Só agora começa o primeiro anúncio;
- as minorias dos trabalhadores rurais em permanente situação de injustiça institucionalizada;
- os sem terra e sem água, que habitam os nossos “sertões” em diversos continentes;
- os meninos/as de rua, a mulher marginalizada e crianças exploradas pelo trabalho infantil ou pelo comercio sexual;
- os refugiados, gerados pelas guerras ou ódios tribais;
- os milhões de migrantes à procura de uma vida melhor;
- os portadores do HIV e outras situações da nossa sociedade que excluem e marginalizam: pensemos na África onde a maior parte das nações está em perigo por causa desse vírus e isto não é por acaso; parece que é uma política escondida pelos grandes para o controle do crescimento da população; para os pobres, os controles e os métodos ocidentais não servem para nada; então, deixam-se à mercê da morte;
- os migrantes da nossa grande cidade;
- as favelas das grandes metrópoles.
Tudo o que é exclusão, marginalização e esquecimento faz parte prioritária da missão da Igreja. Pensemos em tantos “porões” humanos que existem nas nossas sociedades de bem-estar e de injustiça institucionalizada. Quem, diante de todas estas situações responde com amor livre e libertador, e se torna Evangelho vivo, Palavra escrita pelo Espírito, não em tábuas de pedra, mas na carne dos seres humanos? (cf. Cor 3,3).
Estes são os campos onde o voluntário poderia realizar um trabalho adequado às suas possibilidades; o “ad gentes” tem uma preferência especial pelos povos mais carenciados.
De maneira nenhuma podemos diminuir o valor missionário dos voluntários que estão também entre os pobres, mesmo oferecendo outros serviços, sem motivações de fé. “Oxalá que todos fossem profetas”, respondeu Moisés quando alguns foram denunciar que outros estavam profetizando fora do grupo.
O que se faz aos pequenos, também se faz por Cristo. Quem oferece parte da sua vida a melhorar este mundo de todas as opressões, crente ou não-crente, está a colaborar com Deus para que aconteça “um novo céu e uma nova terra”.
Pe. Ramón Cazallas
Voluntariado: Reflexão para o mês de Setembro
Voluntariado: Reflexão para o mês de Setembro
“Amai-vos uns aos outros como Eu vos amei” Jo 15, 12
Jesus, na última ceia, dá um mandamento novo aos seus discípulos: “É este o meu mandamento: que vos ameis uns aos outros como Eu vos amei”. O mandamento é novo porque é de Jesus: meu e novo quer dizer a mesma coisa. A essência de ambos está baseada naquelas palavras “como eu vos amei”. O “Eu” indicaria a propriedade e o “como” a novidade. E a propriedade e a novidade expressam-se nas palavras “levou o seu amor por eles até ao extremo”.
O voluntariado, para um cristão, é consequência desse mandamento novo que nos indica Jesus. Não podemos, portanto, excluir o serviço da nossa vida e o amor ao próximo porque então não entenderíamos a novidade do mandamento de Jesus.
Mudar de vida: É uma consequência deste novo mandamento. O homem que está à escuta do seu irmão e que se abre à presença e acção divinas, pouco a pouco irá pôr novamente em questão o seu próprio estilo de vida. A corrida à abundância - na qual se lançam cada vez mais homens, e com frequência no meio duma miséria crescente - dará progressivamente lugar a uma maior simplicidade de vida, já esquecida em muitos países, mas que se torna de novo possível e até mesmo desejável, quando cessar nas opções do consumidor a preocupação pelas aparências.
Enfim, o homem que aceita mudar o seu modo de ver para adoptar aquele que o próprio Deus nos mostrou nas palavras de Cristo, pôr-se-á, graças a esse novo modo de ver, ao serviço do bem comum, da promoção integral de todos os homens e de cada homem em particular.
Para mudar a vida: progressivamente libertado dos seus temores e ambições puramente materiais, elucidado acerca das possíveis consequências das suas próprias acções, seja qual for o lugar que ocupe, o homem que acolhe a presença de Deus em todos os aspectos da sua vida tornar-se-á um agente da civilização do amor. Discretamente, em profundidade, o seu trabalho assumirá um carácter de missão, na qual tem o dever de exercer e desenvolver os seus talentos, contribuir para a reforma das estruturas e das instituições, adoptar um comportamento de qualidade que estimule o seu próximo a agir da mesma forma, e estar essencialmente orientado para o serviço da dignidade da pessoa humana e do bem comum.
Muitas vezes esquecemos o mandamento novo de Jesus e caímos no ritualismo que pretende manipular o Espírito para o domesticarmos. Nas nossas eucaristias ou assembleias invocamos frequentemente o Espírito Santo mas com guarda-chuvas. Assim não nos impregnamos da sua força e da sua luz. As nossas pastorais repetitivas afogaram a novidade. A liberdade assusta-nos. Estamos paralisados por séculos de sedentarismo da fé. É urgente redescobrir a criatividade para poder responder aos desafios vindos da história, da natureza em perigo, do clamor dos nossos irmãos e irmãs ameaçados na sua subsistência.
Necessitamos de nos desprender do nosso ego e da nossa comodidade para nos deixar invadir por este vento renovador que nos leva mais além dos nossos cálculos, privilégios e esquemas de poder tão zelosamente conservados. O mandamento novo de Jesus traz sempre uma novidade que devemos ir descobrindo aos poucos. O amor, como dizia Santa Teresa de Jesus, “nem cansa nem se cansa”.
Qualidades do amor: O apóstolo S. Paulo na carta aos Coríntios (cap. 13) eleva um canto ao amor como experiência de gratuidade e comunhão com Deus que vincula os homens com a comunidade e com os outros que estão fora da comunidade. Paulo fala da experiência radical de Deus na vida dos homens que se amam simplesmente como humanos. Esta é a melodia firme, esta é a base do amor: que cada um procure o bem dos outros, não o próprio; que pense, sem cessar, no que ao outro convém, não segundo o esquema de quem ama, mas segundo aquele que tem que ser amado. Que o amor dialogue e dialogue em igualdade, escutando-nos uns aos outros para assim conhecermos aquilo que nos pedem ou pretendem de nós.
O mandamento novo de Jesus faz de todos os cristãos “voluntários com espírito” que significa que toda a vida é um voluntariado que só termina quando estivermos com Deus. Constatamos porém que também há pessoas que não têm fé que estão votadas ao amor.
Pe. Ramón Cazallas
Voluntariado: Reflexão para o mês de Agosto
“O voluntário é o exemplo vivo do bom Samaritano”
A Parábola do Bom Samaritano é uma famosa parábola que aparece unicamente no Evangelho de S. Lucas (10, 25-37). O ponto de vista maioritário indica que esta parábola foi contada por Jesus a fim de ilustrar que a compaixão deveria ser aplicada a todas as pessoas, e que o cumprimento do espírito da Lei é tão importante quanto o cumprimento da letra da Lei. Jesus coloca a definição de próximo num contexto mais amplo do que a lei.
A Parábola do Bom Samaritano é uma famosa parábola que aparece unicamente no Evangelho de S. Lucas (10, 25-37). O ponto de vista maioritário indica que esta parábola foi contada por Jesus a fim de ilustrar que a compaixão deveria ser aplicada a todas as pessoas, e que o cumprimento do espírito da Lei é tão importante quanto o cumprimento da letra da Lei. Jesus coloca a definição de próximo num contexto mais amplo do que a lei.
O ensino oferecido por Jesus Cristo nesta edificante parábola é dos mais significativos. Nele podemos apreciar o exercício da caridade despretensiosa e incondicional, no seu sentido mais amplo, sem limitações.
O samaritano, considerado herege e apóstata pelos judeus ortodoxos, foi o paradigma tomado pelo Mestre para nos indicar tão profundo ensinamento. Para os israelitas, os samaritanos não eram capazes de fazer o bem porque estavam fora da lei. Mas este samaritano que pára diante do homem ferido à beira da estrada, para Jesus é “bom samaritano”.
O grande mérito da parábola consiste em fazer evidenciar aos nossos olhos que o indivíduo que se intitula religioso e se julga virtuoso aos olhos de Deus nem sempre é o verdadeiro expoente de virtudes que julga possuir. Ensina aos outros como fazer caridade, mas ele nem de longe quer praticá-la.
O sacerdote que passou primeiro, certamente atribuía a si qualidades excepcionais e julgava-se zeloso cumpridor da lei e dos preceitos religiosos. Ao deparar com o moribundo, com certeza balbuciou uma prece em seu favor, mas daí até à ajuda directa a distância é enorme. O mesmo deve ter sucedido com o levita. Ambos tinham pressa de chegar ao templo para fazer as suas orações e talvez os sacrifícios. Não podiam parar para atender um homem ferido e solitário que estava ali ao lado.
O samaritano, considerado desprezível pelos judeus ortodoxos, mas cumpridor dos seus deveres humanos, não se limitou a condoer-se do moribundo. Chegou-se a ele e socorreu-o da melhor forma possível, levando-o em seguida a um lugar de repouso onde melhor pudesse ser assistido, recomendando-o ao hospedeiro e prontificando-se a pagar todos os gastos aquando da sua volta.
A caridade foi ali dispensada a um desconhecido, e quem a praticou não pediu recompensa, o que não é muito comum na Terra, onde todos aqueles que praticam gestos caridosos, pensam logo nas recompensas futuras, na retribuição na vida espiritual.
Os samaritanos eram dissidentes do sistema religioso implantado na Judeia. Com o fito de demonstrar a precariedade dos ensinamentos da religião oficial, Jesus Cristo figurava os samaritanos como sendo aqueles que melhor haviam assimilado os seus ensinamentos, concretizando em factos tudo aquilo que aprendiam através das palavras. O próximo do Samaritano foi o doente do caminho.
O voluntário, de qualquer raça, religião ou estado social pode ser “bom samaritano” quando é capaz de parar diante dos “feridos” que encontra no seu caminho. São esses o seu próximo. Ao doutor da lei (actuais teólogos) que fez a pergunta, Jesus respondeu: “vai e faz tu também o mesmo”.
Estamos numa Igreja-comunidade que para além do culto deve ser uma Igreja samaritana, aberta ao homem de qualquer condição, capaz de parar perante os caídos da nossa sociedade, sem passar adiante só porque tem que chegar pontualmente ao Templo.
Pe. Ramón Cazallas
Voluntariado: Reflexão para o mês de Julho
O sofrimento faz parte da condição actual do homem, como indica já o livro do Génesis (3, 19): “Comerás o pão com o suor do teu rosto, até que voltes à terra de onde foste tirado…”. O tema do sofrimento está presente em toda a história da salvação e, mais ainda, em toda a história dos povos e culturas. Na Bíblia, as páginas mais trágicas e sábias encontramo-las no livro de Job como resposta à pergunta sempre nova e sempre antiga sobre o sofrimento do justo.
Do sofrimento ou paixão de Jesus tratam os quatro evangelhos. A Bíblia não elabora uma visão ascética nem moralista do sofrimento do homem, mas integra-o dentro da experiência de solidariedade e comunicação pessoal na linha da revelação de Deus e da paixão de Jesus.
O sofrimento faz parte da natureza humana e não é consequência do pecado como alguns o apresentam sempre. O sofrimento faz parte da natureza em geral porque ela tem os seus limites, uns inerentes á própria natureza outros provocados pelo homem, pela sociedade ou por fenómenos naturais que atingem a pessoa humana. Perante esses limites, as pessoas podem ter atitudes positivas ou negativas: podem enfrentar os problemas e muitas vezes aliviá-los ou conseguir que desapareçam.
Há pessoas que sofrem as injustiças humanas derivadas de leis injustas ou da má distribuição das riquezas: os direitos ao emprego, à saúde, à cultura, à habitação, etc. Há outras que sofrem por causa dos fenómenos da natureza: terramotos, vulcões, inundações, etc. Há o sofrimento causado por uma desgraça familiar, pelas doenças ou pela solidão que a vida apresenta.
Mas vejamos alguns exemplos que podem iluminar uma situação social muito corrente na actuação política de alguns Estados. Os conflitos regionais ceifaram cerca de 17 milhões de vidas em menos de meio século. «Nos anos 80, o total mundial das despesas militares atingiu um nível sem precedentes em tempos de paz; avaliadas em um trilião [mil biliões] de dólares [por ano], representam cerca de cinco por cento do total dos rendimentos mundiais». É necessário recordar a importância e a urgência que todos os responsáveis políticos e económicos têm de agir de maneira que estas enormes quantias destinadas à morte, tanto no hemisfério Norte como no hemisfério Sul, passem a sê-lo em prol da vida. Tal atitude corresponderia às motivações morais favoráveis a um desarmamento progressivo; dar-se-ia, assim, a ocasião para tornar disponíveis importantes recursos financeiros a favor dos países em vias de desenvolvimento, indispensáveis para o seu progresso autêntico.
Uma «estrutura de pecado» particularmente tenaz é a exportação de armas, superior às necessidades legítimas de autodefesa dos países compradores, ou destinadas a traficantes internacionais, que propõem hoje em catálogos, àqueles que dispõem do poder de compra, as armas mais sofisticadas. Neste campo, prospera a corrupção, mas o mal é ainda mais profundo. Podemos congratular-nos com os governos que, tendo alcançado o poder, após regimes que haviam empenhado os seus países em compras de armas que superavam enormemente as próprias necessidades, tiveram a coragem de denunciar tais contratos, correndo inclusivamente o risco de não poder mais contar com a boa vontade dos países exportadores.
Este é um exemplo de sofrimento para muitos povos e pessoas que não é novo, mas não dá sinais de parar. Estão em jogo muitos milhões de pessoas. Podemos ficar indiferentes perante tanto sofrimento que produz mortes, fome, refugiados e insegurança das pessoas?
Uma atitude do voluntário ou voluntária seria denunciar ou então unir-se a tantas redes sociais para consciencializar sobre situações que atingem muitas pessoas e associar-se a campanhas de alfabetização, luta contra a fome, etc.
E não esqueçamos as pequenas e grandes situações que existem ao nosso redor: pessoas sozinhas, enfermos que precisam de pequenas ajudas, gente que sofre desgraças imprevistas e agradeceriam companhia. Como diz Bento XVI: “Sempre haverá sofrimento que precise de amor e ajuda”. Perto e longe, grande ou pequeno, porque o amor não tem dimensões e é sempre mais expansivo e intensivo. Quanto mais se ama, mais se quer amar.
Voluntariado: Reflexão para o mês de Junho “O voluntariado é gratuidade e solidariedade” Entendemos como voluntariado “o trabalho que se realiza livremente, sem expectativa de remuneração económica, em benefício de alguém que não seja família imediata, sem ser pedido pelo Estado ou outras instituições públicas” "Que já têm a forma do nosso corpo; E esquecer os nossos caminhos que nos levam sempre aos mesmos lugares. É o tempo da travessia; E se não ousarmos fazê-la; Teremos ficado para sempre; À margem de nós mesmos.” (Fernando Pessoa) Com estes versos do escritor Fernando Pessoa podemos enumerar algumas finalidades do serviço voluntário que impregnam a alma das pessoas que a ele querem dedicar parte da sua vida ou a vida inteira. É o tempo da travessia, de passar para a outra margem e abrir o coração para partilhar com os outros as riquezas que Deus nos deu: Altruísmo: os voluntários pretendem o benefício de outros sem receber nenhuma gratificação económica. È uma dedicação vivida na gratuidade absoluta. Solidariedade: trabalha-se não só para os outros, mas com outros, sentindo os seus problemas como próprios, promovendo acções para os solucionar e recolhendo os benefícios obtidos. O pobre chama-nos ao amor. Qualidade de vida: ajudar os outros faz com que o voluntário se sinta bem. Devolução de favores recebidos: as pessoas que beneficiaram do trabalho voluntário de outras devolvem à sociedade aquilo que receberam. Bento XVI diria que o voluntário, quando ajuda, descobre, que “também ele é ajudado” e por isso este jeito de servir faz humilde a quem serve e converte-se numa “escola de vida para os jovens” (cf. Deus Caritas est, n 30 e35). Convicções religiosas: a fé move os voluntários crentes. Quem acredita em Cristo tem motivações muito profundas que nascem do próprio baptismo e do mandamento do amor que está na raiz do ser cristão. Na tradição da Igreja encontramos frequentes exortações a praticar o que hoje chamaríamos “voluntariado social”. Vejamos um exemplo: Santo Agostinho dizia num sermão: “Cada qual dê ao outro o que tem; outorgue ao necessitado o que tem a mais. Um tem dinheiro: alimente o pobre, vista o nu; um pode pôr os seus pés à disposição do coxo; outro, conceder os seus olhos para guiar um cego; um visite um doente; outro dê sepultura a um morto. Estas coisas são comuns a todos, de forma que é muito difícil encontrar alguém que não tenha nada que oferecer a outro”. São pequenos serviços os que este Santo nos apresenta, mas estão ao alcance de qualquer pessoa. Aumentar as relações sociais: Através do voluntariado, para além dos voluntários que se dedicam a uma mesma finalidade e costumam ter interesses comuns, pode-se conhecer muita outra gente. Celebramos neste mês de Junho duas festas que nos ajudam a crescer na solidariedade e na gratuidade. A primeira é a festa de Nossa Senhora da Consolata: ela foi consolada por Deus e ao mesmo tempo fez-se consoladora para todos os povos. Pura gratuidade da parte de Deus em relação a Maria, e pura gratuidade da parte de Maria que dedicou toda a sua existência para consolar os aflitos e os tristes com a mesma consolação com a qual ela foi consolada. A segunda festa é a solenidade do Santíssimo Corpo e Sangue de Cristo. Deus faz-se pão partilhado para a vida do mundo. É para os cristãos o ideal e o ícone de se tornar pão para todos e alimento para todas as fomes que hoje vão aparecendo no mundo. Pe. Ramón Cazallas |
Voluntariado: Reflexão para o mês de Maio
“O voluntariado é gratuidade e solidariedade”
Entendemos como voluntariado “o trabalho que se realiza livremente, sem expectativa de remuneração económica, em benefício de alguém que não seja família imediata, sem ser pedido pelo Estado ou outras instituições públicas”
"Que já têm a forma do nosso corpo;
E esquecer os nossos caminhos
que nos levam sempre aos mesmos lugares.
É o tempo da travessia;
E se não ousarmos fazê-la;
Teremos ficado para sempre;
À margem de nós mesmos.”
(Fernando Pessoa)
Com estes versos do escritor Fernando Pessoa podemos enumerar algumas finalidades do serviço voluntário que impregnam a alma das pessoas que a ele querem dedicar parte da sua vida ou a vida inteira. É o tempo da travessia, de passar para a outra margem e abrir o coração para partilhar com os outros as riquezas que Deus nos deu:
Altruísmo: os voluntários pretendem o benefício de outros sem receber nenhuma gratificação económica. È uma dedicação vivida na gratuidade absoluta.
Solidariedade: trabalha-se não só para os outros, mas com outros, sentindo os seus problemas como próprios, promovendo acções para os solucionar e recolhendo os benefícios obtidos. O pobre chama-nos ao amor.
Qualidade de vida: ajudar os outros faz com que o voluntário se sinta bem.
Devolução de favores recebidos: as pessoas que beneficiaram do trabalho voluntário de outras devolvem à sociedade aquilo que receberam. Bento XVI diria que o voluntário, quando ajuda, descobre, que “também ele é ajudado” e por isso este jeito de servir faz humilde a quem serve e converte-se numa “escola de vida para os jovens” (cf. Deus Caritas est, n 30 e35).
Convicções religiosas: a fé move os voluntários crentes. Quem acredita em Cristo tem motivações muito profundas que nascem do próprio baptismo e do mandamento do amor que está na raiz do ser cristão. Na tradição da Igreja encontramos frequentes exortações a praticar o que hoje chamaríamos “voluntariado social”. Vejamos um exemplo: Santo Agostinho dizia num sermão: “Cada qual dê ao outro o que tem; outorgue ao necessitado o que tem a mais. Um tem dinheiro: alimente o pobre, vista o nu; um pode pôr os seus pés à disposição do coxo; outro, conceder os seus olhos para guiar um cego; um visite um doente; outro dê sepultura a um morto. Estas coisas são comuns a todos, de forma que é muito difícil encontrar alguém que não tenha nada que oferecer a outro”. São pequenos serviços os que este Santo nos apresenta, mas estão ao alcance de qualquer pessoa.
Aumentar as relações sociais: Através do voluntariado, para além dos voluntários que se dedicam a uma mesma finalidade e costumam ter interesses comuns, pode-se conhecer muita outra gente.
Celebramos neste mês de Junho duas festas que nos ajudam a crescer na solidariedade e na gratuidade. A primeira é a festa de Nossa Senhora da Consolata: ela foi consolada por Deus e ao mesmo tempo fez-se consoladora para todos os povos. Pura gratuidade da parte de Deus em relação a Maria, e pura gratuidade da parte de Maria que dedicou toda a sua existência para consolar os aflitos e os tristes com a mesma consolação com a qual ela foi consolada. A segunda festa é a solenidade do Santíssimo Corpo e Sangue de Cristo. Deus faz-se pão partilhado para a vida do mundo. É para os cristãos o ideal e o ícone de se tornar pão para todos e alimento para todas as fomes que hoje vão aparecendo no mundo.
Pe. Ramón Cazallas
Voluntariado: Reflexão para o mês de Maio |
Voluntariado: Reflexão para o mês de Abril